terça-feira, 27 de abril de 2010

Falta de oportunidade laboral, no meio musical.

Bem, é com imenso desprazer e insatisfação que irei explanar sobre o devido tema.

Malgrado não estar atuando, sinto-me profundamente chateado com tamanho descaso e falta de comprometimento com a música em sentido amplo. Com olhar menos verticalizado possível, posso descrever de forma etnológica, bem como disse Malinowski "Observação participante", ao ter vivenciado durante mais de 17 anos na esfera musical.
Dessa forma, não pretendo apresentar meu curriculum lattes, mas simplesmente explanar aos colegas que não conhecem o meu relacionamento com a música. Como músico atuei desde 14 anos de idade na posição de tecladista, destarte, fui arranjador e programador MIDI/SAMPLER, inclusive em diversas parcerias com importantes gravadoras do mercado baiano, onde é sabido como referência de qualidade e concretização de melhores discos e CDs produzidos no nosso cenário artístico.
Sabendo como funciona a música desde sua concepção inicial (composição em papel) até a finalização (do estúdio até tocar na rádio), acredito ter notoriedade e esclarecimento sobre o assunto. Enfim, por que tanto descaso musical?
São vários fatores que influenciam, mas citarei apenas alguns. São bandas despreparadas, estúdios sem profissionais, compositores visando somente lucro, empresários cada vez mais mercenários e radialistas ainda vinculados com o famoso e persistente "jabá". Pior ainda é o fato de radialistas e proprietários de rádios estarem também vinculados como donos de bandas, fazendo com isso um cartel, no qual, tirando a oportunidade de quem almeja e tem talento para ocupar devido lugar na programação cotidiana de execução musical.
Escutar a rádio em tempos primórdios, significava cultura, informação, entretenimento e inclusão social. Hoje, na minha concepção, poucas as rádios tem como competências o comprometimento e responsabilidade civil.
Por respeito à opinião do colega leitor, deixo que o mesmo faça inferência sobre as rádios que ao ser entender sejam educadoras e globais (universais), no que de fato, contribuam de alguma forma principalmente com a classe desprovida de recursos econômicos.

Diante do exposto, responderei antecipadamente possíveis questionamentos:

Você é contra o pagode baiano? Acha que deve tirar essas canções da rádio? Isso não seria exclusão social?
Sem mais prolixidade, eu não sou contra nenhum rítmo, ao contrário, por muitas vezes fui precursor em mesclar sonoridades, ritmos e efeitos, inclusive no pagode. Gosto de ouvir pagode, porém, os pagodes bem gravados, comprometidos com a responsabilidade social e com a divulgação da cultura baiana de forma honrada.
No que tange a execução das "obras", sou a favor de um novo cronograma de horários, não no sentido de censurar o direito de expressar, mas de ter horário específico para executar essas canções, principalmente enquanto a composição (letra) visar o duplo sentido pejorativo, depreciativo e induzir sexualidade em horários impróprios, no qual crianças e adolescentes estão como ouvintes.
Não importa se é Funk, Forró, Pagode, Axé, Rock, Arrocha, MPB ou qualquer outro estilo ou ritmo musical, deveríamos nos espelhar em grandes nomes da música brasileira e nordestina que com muito swing e composição bem articulada, faz com que o duplo sentido seja desapercebido aos infantes.
Não precisamos incitar a sexualidade, violência, alegando suposto “esclarecimento” aos desinformados, pois existem outros meios e métodos para alcançar devidos fins.
Exclusão social na minha opinião, seria aproveitar da necessidade do indivíduo que escolhe a carreira artística como meio de sobrevivência, limitado-o a um determinado ritmo atual, fazendo com que o mesmo só vise o momentâneo, implantando um discurso velado de que terá acesso e êxito mais rápido.
Será que eles se preocupam com o futuro profissional e outros conhecimentos que possam servir para continuar sobrevivendo na carreira? Chega! Acordem! E quando tal seguimento musical deixar de ser sucesso, terá o mesmo oportunidade em outros seguimentos? Como músico, respondo sem titubear, na grande maioria não. Principalmente se não tocar outros ritmos e instrumentos, nem ler partitura, nem está em um determinado meio musical que tenha esse pensamento eclético, terá portanto, que ficar eternamente submisso a manipulação imposta pela sua necessidade inicial.
É por esses e outros motivos que indago, cadê o lugar do RAP, do REGGAE, do BLUES, do JAZZ, do SAMBA e da BOSSA NOVA nas rádios de maior “audiência” em abrangência demográfica do nosso Estado? Quer dizer com isso que o povo tem cultura limitada a ouvir o que lhe é determinado? Dessa forma, escolho com muita atenção a quem ouvir, tanto na rádio, quanto na TV, no CD, DVD ou show escolhido. Para que não queiram me privar com suas ideologias e determinações de interesses próprios e ocultos. Sou livre e todos deveríamos ser, com as mesmas oportunidades sempre, deixando o pobre ou rico, mostrar seu verdadeiro talento e não manipulando ou fabricando “artistas” para um determinado momento.

“AINDA BEM QUE EXISTEM RÁDIOS COMPROMETIDAS COM A VERDADE, A OPORTUNIDADE, A INCLUSÃO, INFORMAÇÃO E CULTURA”. Basta saber escolher!

Por fim, como toda e qualquer situação, sempre tem os defensores inconscientes e conscientes que deixam comentários e opiniões aos temas apresentados.
Vivemos no Estado democrático de direito, que apesar do histórico de escravidão e forte influência colonizadora, tende-se na maioria das vezes em ir na contramão da nossa lei maior (constituição Federal), que em seu Art. 5° e seus incisos belíssimos, deixam de ser real e passam a ser ideal. Este é o lugar de realmente expor opinião, porém é vetado o anonimato ao citar nomes de pessoas, sejam elas naturais ou jurídicas, conforme o Art. 5º inciso IV, da Constituição Federal: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”.

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